29 janeiro 2009

Frases do que ando lendo (férias)

O Animal Agonizante, Philip Roth

"Você não consegue ter o que você quer mesmo depois de obter o que você quer."
"Os homens reagem ao ciúme dizendo: "Essa não vai ser de ninguém. Vai ser só minha - vou me casar com ela. Vou capturá-la dessa maneira. Através das convenções". O casamento cura o ciúme. É por isso que muitos homens se casam. Porque não se sentem seguros com aquela outra pessoa, fazem com que ela assine o contrato: Prometo não etc."
"O poeta era um homem que não possuía os talentos que os outros têm quando se trata de defender seus interesses no mundo."
"Veja bem, o homem heterossexual que vai se casar é como o seminarista que vai virar padre: ele faz um voto de castidade, só que aparentemente só se dá conta disso três, quatro ou cinco anos depois."
"Você não leu Os Irmãos Karamazov? Mas você tem que ler, mesmo que seja só para ver o retrato divertido daquele pai vergonhoso, perdulário, mau."
"A única obsessão que todo mundo quer ter: o 'amor'. As pessoas pensam que quando se apaixonam elas se completam? A união platônica das almas? Pois eu não concordo. Eu acho que você está completo antes de se apaixonar. E o efeito do amor é fracionar você. Antes você está inteiro, depois você racha ao meio."
"Você já provou. Não basta? A gente só faz mesmo é provar, de tudo que existe, é ou não é? É só o que a vida nos permite, é só isso que nós conhecemos da vida. Só uma prova. Mais nada."
"(...) talvez agora, que estou chegando perto da morte, eu esteja secretamente ansiando por não ser livre."
"Desde que você não esteja  em estado de anseio, a solidão às vezes é um prazer e tanto."
"Por sorte, Consuela, como a maioria das pessoas, não tinha o hábito de pensar as coisas até as última conseqüências."
"Não, não há nada que faça a gente dar às coisas a verdadeira importância que elas têm."
"Pra você ver como as pessoas reagem a um ser humano que está sofrendo. Elas não sabem o que fazer. Ninguém sabe o que fazer."
"Toda a desordem não passa de desordem controlada, pontuada por intervalos para vender automóveis. A televisão fazendo o que ela faz melhor: a vitória da trivialização sobre a tragédia."
"Envelhecer é inimaginável para todos, menos os que estão envelhecendo, mas agora para Consuelo é diferente. Ela já não mede o tempo como os jovens, contando para trás a partir do momento em que tudo começou. O tempo para os jovens é sempre composto do que passou, mas para Consuelo o tempo agora é o futuro que ainda lhe resta, e ela crê que não lhe resta mais nada. Agora ela mede o tempo contando para frente, contando o tempo pela proximidade da morte. Quebrou-se a ilusão, a ilusão metronômica, a idéia tranqüilizadora de que, tique-taque, tudo acontece na hora certa."
"O mais belo dos contos de fada da infância é que tudo acontece na ordem certa. Nossos avós morrem muito antes dos nossos pais, e nossos pais morrem antes de nós. Os que têm sorte acabam tendo mesmo essa experiência, as pessoas vão envelhecendo e morrendo na ordem certa, de modo que, no enterro, você aplaca sua dor pensando que aquela pessoa teve uma longa vida. Nem por isso a morte se torna uma coisa menos monstruosa, mas é esse o truque que utilizamos para manter intacta a ilusão metronômica, e para afastar de nós a tortura do tempo: "Fulano teve uma vida bem longa". "
"Em toda pessoa tranqüila e razoável existe uma outra pessoa escondida, que morre de medo da morte, mas para uma pessoa de trinta e dois anos o tempo que separa o agora da hora da morte normalmente é tão imenso, tão infinito, que no máximo uma ou duas vezes por ano, e mesmo assim só por um momento ou dois, tarde da noite, chegamos perto de conhecer aquela outra pessoa escondida, no estado de loucura que é a vida cotidiana daquela outra pessoa."
"A transição que há entre pensar numa pessoa tal como você sempre pensou nela - viva com você - e alguma coisa que indique para você, como aquela penugem indicou para mim, que a pessoa está próxima da morte, está morrendo - isso para mim foi não apenas um choque, mas também uma traição. "

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