22 abril 2011

Senhor Proust

Proust escreveu o melhor livro que já li, em sete volumes para tomar muito do seu tempo, mas não ligue, será um tempo bem gasto (Em Busca do Tempo Perdido). Quando fui ler o sexto volume “A Fugitiva”, alguém fez questão de sublinhar todas as vezes em que o nome “Albertine” aparecia no livro. Apenas para lembrar, essa era a paixão de Proust, ela morre nesse sexto volume (acho que não existe spoiler em literatura clássica). Ao ver o nome sublinhado tantas vezes você começa a notar que a cada página são pelo menos duas ou três aparições, lembranças de Albertine, é uma fixação absurda do autor. No decorrer do livro essa quantidade vai diminuindo, quando nos damos conta já não nos importamos com os sublinhados, assim como o autor, vamos nos esquecendo dela, ela já vai ficando distante, uma pequena lembrança aqui ou ali. Proust talvez não tenha se dado conta, mas revelou muito sobre relacionamentos, claro que em nossos casos a pessoa não morre, continua viva, mas as aparições vão diminuindo. No começo há pensamentos demais, há muita coisa sublinhada, mas depois já sobra apenas uma pequena lembrança do que foi.

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