16 junho 2009

O Banco Invertido

Não costumo utilizar os bancos virados para trás dos ônibus, passo por eles batido. Caso não consiga me sentar em um banco virado para frente, simplesmente fico em pé, mesmo que haja bancos disponíveis virados para o fundo do coletivo. Ontem nada disso aconteceu, por mais que siga certos padrões, fiz um longo trecho de Inter 2 em um banco invertido. Até aí nada de anormal, peguei meu livro e comecei a ler, mas as imagens começaram a parecer interessantes do outro lado da janela, foi como ver uma cidade que não conhecia, ver imagens novas num trecho antigo. Nos acostumamos a ver tudo sob certo ângulo, as imagens ficam todas repetidas, quando resolvemos mudar o foco é como estar diante de um mundo novo. Estava com a sensação de ter entrado em uma nova cidade. Quando nos sentamos virados para frente, temos aquela visão limitada, é como sua vida, você consegue ver um ponto distante, mas quando ele chega passa rápido demais, algo que não dura, esse futuro está sempre passando batido. Quando estamos nos bancos em sentido contrário, olhamos para trás, não vemos o que está se aproximando, só notamos quando já passou, talvez isso se aproxime mais de nossas vidas, não sabemos o que está a frente, temos uma vaga noção, as imagens passam, correm; é como ter o futuro as suas costas, sem saber onde está indo e ter o passado a sua frente; você percebe as coisas passando e se distanciando, às vezes uma curva esconde algumas coisas, outras vezes tudo fica tão longínquo que nem parece ter acontecido com você. Toda essa viagem para contar que andei de ônibus em um banco invertido.

2 comentários:

Brisas disse...

eu fico enjoada as vezes qdo sento nesses bancos!

Brisas disse...

eu fico enjoada as vezes qdo sento nesses bancos!