11 setembro 2009

Fazendo o chimarrão

Durante essa madrugada estava lendo o livro do Jamil Snege (Como eu se fiz por si mesmo) e achei engraçado o trecho em que ele explicava como fazia o chimarrão do chefe:

"Primeiro, coloca-se a água para esquentar. Enquanto isso, a cuia bem lavada, deita-se nela uma quantidade de erva nova até atingir uma altura não superior a dois dedos da borda. Em seguida, inclina-se a cuia na horizontal, com a palma da mão em ângulo reto vedando a fuga da erva. Um leve estremeção ajuda a erva a acomodar-se. Agora, retornar a posição vertical. Após descrever um movimento de 45 graus, retira-se a palma da mão da borda e verifica-se o resultado. Se a operação foi bem sucedida, uma plataforma de erva cobre aproximadamente dois terços da abertura. O terço restante é uma profunda depressão que deve ser inundada lentamente com água fria. Três minutos depois, a erva absorveu toda a água e a chaleira começou a chiar. Aguarde mais alguns segundos e retire a chaleira do fogo. A água nunca deve entrar em ebulição e se tal acontecer é melhor esvaziar a chaleira e começar tudo de novo. Quanto à cuia, ela agora está pronta para receber a bomba. A bomba, você sabe, é uma haste metálica oca, tendo numa das extremidades um bocal semelhante ao do oboé e na outra uma dilatação circular cheia de furinhos. Esta segunda extremidade é que deve mergulhar na cuia e para que façamo-la com perfeição é necessário vedar com o polegar o bocal e acomodar a cabeça de tênia bem no fundo, comprimindo-a contra a parede de erva molhada. Ato contínuo, derrama-se a água quente até o rebordo e está pronta a primeira cuiada. É a pior delas - um caldo espesso, amargo, nem frio nem quente, no qual se agitam milhares de partículas em suspensão. Para não fazer feio, nas rodas de chimarrão o fazedor do mate é obrigado a engolir aquilo. Como você quer somente agradar ao chefe, e está sozinho no fundo de um depósito de materiais de construção, você suga aquela porcaria, cospe, suga novamente, cospe, cada vez que você tira o bocal da boca um fio de baba verde rompe-se e pende, você cospe, e o chão vai se transformando num charco nauseabundo, mas quando você entrega o chimarrão ao chefe - quantinho, nenhum pozinho - você é um bom menino, você faz o melhor chimarrão do mundo."

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