24 fevereiro 2007

Trapo


Ah diabólica noite de Curitiba! Pesada cerração e um frio de ossos, de cemitério, de cidade morta, de sombrio esquecimento. Ah amontoado de ódios, de bílis, de rancores e frustrações neste alinhamento de prédios, casas, quintais, guardas.árvores secas, caminhos de expressos, lúgubres postes de luz mortiça, prostitutas roxas de minissaias, travestis de narizes grandes e joelhos ossudos, motoristas de táxis sonolentos em seus casulos alaranjados.Aqui está a praça do homem nu, este mastodonte morto com a cabeça envolta em névoa, ao lado do grupo tiradentes, o seu pátio de cimento cheio de crianças azuis e professoras imbecis, ali o passeio público e sua última floresta, os últimos animais, o rio verde, carpas e pedalins, toda a natureza e a alegria de viver preservadas em matéria plástica para o lazer triste a angustiado dos nativos, e aqui sobe a joão gualberto, com suas quatro pistas, semáforos, fileiras amarelas de luzes a mercúrio, um espetáculo marciano de rara beleza.

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